Publicado em: 28/09/2023 21:55:13
Uma equipe de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), esteve, entre os dias 21 e 23 de setembro, na Terra Indígena (T.I.) Kaxarari, localizada entre os estados de Rondônia, Acre e Amazonas, a pouco mais de 350 km da capital Porto Velho.
A Aldeia Buriti, localiza-se dentro do território amazonense e seu acesso se dá por uma estrada vicinal, sem asfalto denominada de Ramal do Boi, a uma distância 60 km da Br 364 com a entrada 25 km do distrito de Vista Alegre do Abunã.
Na expedição organizada pela professora Drª Maria das Graças Nascimento Silva, que é coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Geografia, Mulher e Relações Sociais de Gênero – GepGênero e pelo professor Dr. Josué da Costa Silva, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Modos de Vidas e Culturas Amazônicas – GepCultura, estiveram presentes na equipe a doutoranda do PPGG/UNIR, Tainá Trindade Pinheiro e a mestranda do PPGG/UNIR, Maiza Soares da Silva.
Projeto Artesania Kaxarari
A visita realizada foi parte de um roteiro de atividades para o desenvolvimento do “Projeto Artesania Kaxarari” aprovado no Edital Amazônia Indígena Resiste, uma iniciativa do Fundo Podáali – Fundo Indígena da Amazônia Brasileira com apoio da rede COIAB - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.
O projeto, que foi aprovado em 31 de março de 2023, possui uma agenda de atividades que devem ser realizadas dentro do prazo de 10 meses e entre as atividades estão as oficinas para aprimoramento do artesanato e grafismo indígena, oficinas sobre técnicas de divulgação e venda do artesanato Kaxarari e a realização de um Feira de Artesanato das Mulheres e da Juventude Indígena com toda produção das oficinas.
No trabalho de campo realizado na última semana, aconteceu a primeira oficina. Esta, dentro da aldeia Buriti. A primeira oficina foi ministrada pelo Sabedor Raimundo, um ancião do povo, chamado de “Txapa”, uma nominação na língua kaxarari de reconhecimento de respeito e importância junto ao povo. Ele ensinou a produção de artesanato com barro, onde utilizou uma técnica que ele conhece desde pequeno e que ele não executava há mais de 40 anos.
Para o cacique, seu Manoel, era um momento de resgate. “Essa oficina é muito importante para nós pois vamos aprender algo sobre nossa cultura que já tinha acabado”, ele disse à nossa equipe.
Na parte da tarde do dia 22, iniciou-se a oficina de grafismo, onde o professor indígena e da língua materna, Edinei, ensinou à comunidade as marcas corporais e de referência aos clãs e seus significados.
Esse momento foi de muita interação e interesse dos participantes da oficina, moradores da Aldeia Buriti.
O Cacique Manoel demonstrou grande contentamento com o envolvimento das famílias. “O nosso grafismo conta a nossa história, é uma representação da nossa cultura. Eu demorei para desenhar, mas eu aprendi”, disse ele ao terminar seus desenhos.
As oficinas ministradas agregam valor ao grupo, uma vez que, além de conhecer técnicas de um passado não tão distante, eles podem contar sua história a partir da sua própria cultura e fixar a sua identidade que por sua vez, está diretamente relacionada a territorialidade.
O resgate das atividades artesanais fortalece o modo de vida kaxarari, recuperam vivências que ficaram marcadas na história oral do povo demonstrando os conhecimentos e saberes ancestrais de um viver integrado com a natureza.
Fonte: Maiza Soares (mestranda) e Josué da Costa Silva (coordenador do PPGG e do GepCultura) - PPGG/UNIR